Crimes
eleitorais tendem a crescer na semana que antecede as eleições
A constatação é da Polícia Federal, que reforçou
seu efetivo
Publicado
em 01/10/2018 - 15:06
Por Alex
Rodrigues - Repórter da Agência Brasil Brasília
Historicamente, a semana que
antecede o primeiro turno das eleições gerais no Brasil tende a registrar um
crescimento do número de denúncias por crimes eleitorais. Segundo a Polícia
Federal (PF), isso se deve à intensificação da disputa pelo voto dos eleitores
e exige um incremento da atuação da polícia judiciária eleitoral.
Segundo o delegado federal Thiago
Borelli, coordenador-geral de Defesa Institucional da PF, cerca de 40% dos
1.660 procedimentos investigatórios instaurados durante o período eleitoral das
últimas eleições gerais, em 2014, foram ajuizados na semana que antecedeu o
primeiro turno.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e o
diretor da Polícia Federal, Rogério Galoro, na abertura do Centro Integrado de
Comando e Controle das Eleições Gerais de 2018 - José Cruz/Agência Brasil
Para dar maior agilidade e
eficácia ao seu trabalho de Polícia Judiciária Eleitoral e aperfeiçoar o apoio
à Justiça Eleitoral, a PF criou o Centro Integrado de Comando e Controle das
Eleições 2018 (Cicce). O centro atuará com o apoio de 14 instituições e órgãos
públicos federais de hoje (1) ao dia 8 e de 22 a 28. Funcionará de forma
semelhante à já experimentada durante os grandes eventos ocorridos no Brasil
entre os anos de 2013 a 2016, monitorando situações sob responsabilidade da PF
em todo o país.
“O centro reúne diversos
parceiros com a função de zelar para que a vontade do povo seja respeitada”,
disse o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, destacando a importância
de, a partir de hoje (1), os vários órgãos que cuidam do “bom transcurso das eleições”
terem um centro de informações integradas. “A democracia é nosso bem maior e
não podemos abrir mão dela de forma alguma”, acrescentou o ministro.
Entre os crimes eleitorais mais
comuns às vésperas do primeiro turno estão o Caixa 2, ou seja, o uso de
dinheiro não contabilizado na prestação de contas aos tribunais eleitorais; a
boca de urna; a propaganda eleitoral fraudulenta; o transporte de eleitores e
os crimes contra a honra (calúnia, injúria e difamação) de candidatos. Além
desses, o próprio diretor-geral da PF, Rogério Galloro, admite que, em função
do recente ataque ao candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL),
este ano a PF redobrou o grau de atenção com a segurança dos candidatos.
“Esse pleito nos traz uma
preocupação a mais, que é a segurança dos candidatos, já que tivemos um
atentado contra um candidato”, disse Galloro ao se referir ao episódio em que
Bolsonaro foi esfaqueado durante um comício em Juiz de Fora (MG), no início de
setembro. Dos 13 candidatos que disputam a Presidência da República, apenas
seis pediram proteção à PF.
Integração
Jungmann destacou que as
autoridades públicas também estarão atentas à disseminação das chamadas fake
news, informações mentirosas que, durante o processo eleitoral, é criada e
divulgada com o objetivo de beneficiar determinados candidatos ou prejudicar
seus concorrentes. “As fake news têm o efeito de turbar, de desinformar e criar
situações prejudiciais até mesmo ao andamento das eleições”, disse Jungmann,
esclarecendo que a PF também está monitorando as atuações de organizações
criminosas que, eventualmente, possam tentar interferir no processo eleitoral.
Segundo o delegado federal Thiago
Borelli, a instauração do centro integrado permitirá às autoridades a
acompanhar, em tempo real, todos os crimes que estejam sendo investigados pela
PF, principalmente os crimes eleitorais, reduzindo o tempo de resposta nos
atendimentos às urgências e emergências.
“Essa integração nos dará uma
visão macro [das situações], melhor resposta, com pronto atendimento [às
demandas] e mais capacidade de subsidiar a Justiça Eleitoral e atender à
sociedade”, complementou Borelli.
Reforço
Preocupados com a situação,
superintendentes da PF no Amazonas, em Pernambuco e Roraima pediram reforço à
Brasília, que deslocará policiais de outras unidades para esses estados. “Desde
o início do ano estamos nos preparando para as eleições. Houve a difusão de
diretrizes institucionais de atuação e investigação da PF. E ao apresentarem
seus planos operacionais, essas três unidades requisitaram a necessidade de
aumento do efetivo”, informou Borelli. O efetivo de reforço será distribuído
pelos municípios que, em anos anteriores, apresentaram alta incidência de
conflitos e crimes eleitorais.
Edição: Fernando
Fraga
Nenhum comentário:
Postar um comentário