Grito dos Excluídos pede
redução da desigualdade
Publicado
em 07/09/2018 - 17:19 e atualizado em 07/09/2018 - 18:23
Por Akemi
Nitahara – Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
Com o lema Desigualdade gera
violência - Basta de privilégios - Vida em primeiro lugar, ocorreu hoje (7)
a 24ª edição do Grito dos Excluídos, reunindo representantes de movimentos
sociais, de trabalhadores e da juventude.
O evento acontece
tradicionalmente em paralelo ao desfile cívico-militar do 7 de Setembro em
diversas cidades do país. No Rio de Janeiro, a concentração começou no mesmo
horário do desfile, por volta de 9h30, na esquina da Rua Uruguaiana com a
Avenida Presidente Vargas, próximo ao local de onde partiam as formações
militares do desfile oficial.
24ª edição do Grito dos Excluídos, reuniu representantes de movimentos
sociais - Akemi Nitahara/Agência Brasil
Integrante do Jubileu Sul, uma
das organizações nacionais do Grito, Alessandra Quintela disse que o Grito dos
Excluídos surgiu para ajudar a recontar a história do país, que teve a sua
independência proclamada pelo príncipe regente, Dom Pedro I, sem participação
popular.
“Não foi uma independência vinda
das lutas sociais, apesar de ter várias lutas naquele período de Brasil
colônia. Então a gente tem que gritar para reconstruir a nossa história. O
Grito nasce nesse sentido, de ser um grito de baixo, desde os trabalhadores e
trabalhadoras, querendo construir e construindo na prática um novo Brasil, que
acabe com os privilégios e as desigualdades”.
Segundo Alessandra, a marcha
também é um contraponto à parada militar e à militarização da segurança
pública, para dialogar com a sociedade visões diferentes sobre os fatos. Para
ela, a repressão aumentou ao longo desses 24 anos de existência do Grito dos
Excluídos.
“A militarização piorou demais, o
aparato repressor aumentou e se instrumentalizou ainda mais. Aqui no Rio de
Janeiro, em particular, com a Copa do Mundo e com a Olimpíada, se justificou um
aumento desse aparato repressor de forma brutal. A repressão contra os
movimentos sociais aumentou nesses 24 anos de maneira exponencial. Você veja
que tem pessoas aí que foram presas e foram condenadas por participar de
manifestações na copa do mundo”.
Presente no Grito, a idealizadora
do espaço de acolhimento às pessoas trans Casa Nem, Indianare Siqueira, disse
que foi para o ato para se posicionar contra o fundamentalismo e para lutar
pelos direitos das pessoas trans e das profissionais do sexo.
“As pessoas trans são as mais
excluídas da sociedade, assim como na área trabalhista, quem se prostitui é
excluído até dos direitos trabalhistas. E a maioria das trans tem como única
opção a prostituição para sobreviver. Então, não existe uma luta só pelos
direitos trans que também não passe pelo direito da regulamentação da
prostituição das profissionais do sexo”, disse.
Performance
A artista de rua e bonequeira
Fernanda Machado, da Companhia Horizontal de Arte Pública e da Frente
Internacionalista dos Sem-Teto (Fist), fez uma performance representando “a
morte da democracia”.
“A democracia pretende ser o
poder do povo, com a ideia do sufrágio universal, para que a gente possa eleger
representantes. Mas os representantes não nos representam. Então hoje a gente
veio falar que a democracia está morta, ela é estuprada, violada todos os dias,
isso que a gente veio trazer à tona. O que ela pretendia ser, enquanto poder do
povo e representar esse povo, ela virou uma simples alegoria e pode servir para
o carnaval”, disse a artista.
Por volta de 10h30, os
manifestantes tentaram formar a marcha na pista central da Presidente Vargas,
sentido Candelária, mas foram impedidos pela Guarda Municipal e Polícia
Militar. Houve um princípio de tumulto, mas logo foi resolvido com os ativistas
retornando para a pista lateral.
Ao meio-dia, após terminar o
desfile cívico, o Grito dos Excluídos saiu em marcha pelas avenidas Presidente
Vargas e Rio Branco até chegar à Praça Mauá. O percurso durou meia hora e foi
acompanhado por forças de segurança. Não houve conflitos.
São Paulo
Com a participação de ativistas e
membros de movimentos populares, o evento reuniu milhares de pessoas em São
Paulo, segundo os organizadores. O ato começou na Avenida Paulista e teve como
bandeiras o combate à violência e à desigualdade social. Os participantes do
Grito empunhavam cartazes e vestiam camisetas que criticavam, por exemplo, o
número de desempregados no Brasil e o preço do gás de cozinha.
Durante a marcha, diversas
pessoas discursaram em cima de um carro de som. Dentre as falas, os
manifestantes pediram a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
a sua candidatura à Presidência. Preso em Curitiba, Lula foi condenado pela
Operação Lava Jato, em segunda instância, e com base na Lei da Ficha Limpa teve
a candidatura indeferida na semana passada pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). "A vida em primeiro lugar. Desigualdade gera violência - Basta de
privilégios", dizia uma das faixas presentes no protesto.
Brasília e outras cidades
Em Brasília, o grito foi pela
demarcação das terras indígenas. A manifestação reuniu alguns candidatos às
eleições locais do Distrito Federal e contou com a presença de representantes
dos povos indígenas e sindicalistas. O ato na capital federal ocorreu na
Esplanada dos Ministérios. "Respeita minha existência", estampava a
camiseta de uma das mulheres presentes no Grito.
Outras cidades também receberam
uma grande concentração de pessoas, que levaram cartazes e caminharam pelas
ruas. É o caso de Fortaleza, Salvador, Belém, Campinas (SP), Abaetetuba (PA),
São José dos Campos (SP) e Aparecida (SP).
Matéria
ampliada às 18h25
Edição: Fernando
Fraga
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