Eduardo
Cunha é preso em Brasília pela Lava Jato e levado para Curitiba
Ex-presidente da Câmara, o peemedebista foi detido
no âmbito da operação Lava Jato
Preso, Eduardo Cunha é conduzido
para avião da PF. ADRIANO MACHADO REUTERS
Brasília 19 OUT 2016 - 18:29 BRST
O ex-presidente da Câmara dos
Deputados Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) foi preso preventivamente por volta das
13h desta quarta-feira em Brasília. A Polícia Federal informou que a prisão
dele aconteceu em decorrência da Operação
Lava Jato e que os policiais o abordaram nas proximidades do
prédio onde vive na capital federal. Além de detido, o ex-parlamentar teve
220,6 milhões de reais em bens bloqueados pela Justiça.
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A detenção do peemedebista, o
impulsor do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT), era esperada desde
que ele perdeu o foro privilegiado, em 12 de setembro deste ano ao ser cassado
do mandato de deputado federal. Ele está sendo levado em um avião da PF para
Curitiba, onde estão concentradas as investigações sobre os desvios bilionários
da Petrobras. O mandado de prisão foi expedido pelo juiz da 13ª vara federal, Sergio
Moro.
Em nota, o Ministério Público
Federal afirmou que a prisão preventiva de Cunha foi pedida por existir
"risco à instrução do processo, à ordem pública, como também a
possibilidade concreta de fuga, em virtude da disponibilidade de recursos
ocultos no exterior, além da dupla nacionalidade". Cunha é também cidadão
italiano e possui passaporte europeu. Como é preventiva, a prisão dele não tem
prazo limite.
De acordo com a Procuradoria, a
prisão de Cunha foi decretada na ação penal em que ele responde por corrupção
passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Todos os fatos são
relacionados à aquisição pela Petrobras de um campo de exploração de petróleo
em Benin, na África, no ano de 2011. A suspeita dos procuradores é que o
ex-deputado tenha recebido 1,5 milhão de dólares como propina por participar
dessa compra irregular. O pagamento teria sido intermediado pelo lobista João
Augusto Rezende Henriques, que depositou o valor em uma conta secreta do
ex-deputado federal na Suíça. A mulher de Cunha, a jornalista Cláudia Cordeiro
Cruz é investigada nessa mesma ação.
Henriques atuaria a mando de
Jorge Luiz Zelada, o então diretor da área internacional da Petrobras que
tivera o apoio político de Cunha para permanecer no cargo. Em troca desse
suporte, repassaria parte da propina que recebera, de acordo com a denúncia
aceita por Moro.
Enquanto era parlamentar, Cunha era
investigado em ao menos seis inquéritos, todos autorizados pelo Supremo
Tribunal Federal. As suspeitas que pesavam contra ele eram de crimes como
lavagem de dinheiro e corrupção no âmbito dos bilionários desvios de recursos
da Petrobras. O pedido de prisão feito pela força-tarefa da Lava Jato é similar
ao apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que ainda não
tinha sido analisado pelo STF. Como ele perdeu o foro, a corte suprema
transferiu todo o processo para a alçada de Sergio Moro.
Nesta quarta-feira outro juiz, da
6ª vara federal também de Curitiba, acatou uma ação de improbidade
administrativa apresentada pelos procuradores e determinou o bloqueio de 220,6
milhões de reais de bens do ex-deputado.
Antes de ser cassado, Cunha já
havia sido afastado
de suas funções parlamentares por supostamente tentar obstruir
as investigações que o tinham como alvo. O processo de cassação contra ele na
Câmara ganhou força após esse afastamento e foi concretizado com ampla maioria
favorável à perda de mandato. Na manhã desta quarta-feira, policiais federais
também cumpriram um mandado de busca e apreensão na residência do ex-deputado
no Rio de Janeiro.
Assim que perdeu o cargo, todos o
viram como um potencial homem bomba, já que conhece como poucos o funcionamento
da máquina de Brasília. Entre ex-aliados dele, há quem diga que um eventual
acordo de colaboração com a Justiça feito por Eduardo
Cunha tem o potencial de abalar as estruturas política
da nação. Apesar disso, o peemedebista sempre disse que não faria qualquer
acordo com o Ministério Público neste sentido.
Em nota enviada pela sua
assessoria de imprensa, o ex-deputado considerou absurda a decisão de Sergio
Moro. "Trata-se de uma decisão absurda, sem nenhuma motivação e
utilizando-se dos argumentos de uma ação cautelar extinta pelo Supremo Tribunal
Federal". O ex-deputado afirmou ainda que Moro não é o juiz competente
para julgá-lo. "A referida ação cautelar do supremo, que pedia minha
prisão preventiva, foi extinta e o juiz, nos fundamentos da decretação de
prisão, utiliza os fundamentos dessa ação cautelar, bem como de fatos atinentes
a outros inquéritos que não estão sob sua jurisdição, não sendo ele juiz
competente para deliberar". Dessa vez, ele não alegou inocência. Em outras
ocasiões ele já havia negado ter recebido propina no caso envolvendo a compra
de um campo de petróleo em Benin.
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